Jogos psicológicos: aspectos da personalidade humana

O conceito de Jogos Psicológicos representa uma significativa contribuição de Eric Berne, o psiquiatra e psicanalista canadense renomado por sua teoria da Análise Transacional, para a compreensão do autoconhecimento e das relações humanas.

Os jogos psicológicos se manifestam como interações desonestas que ocorrem em nossos relacionamentos quando adotamos posturas infantis. Muitas vezes, estamos motivados pelo medo de sermos culpados ou excluídos dos círculos sociais aos quais aspiramos pertencer. Esse receio é profundamente enraizado no temor de não sermos considerados especiais por aqueles que valorizamos, seja afetivamente, seja por interesses pessoais.

Quando nos encontramos em estados de infantilidade emocional, evitamos revelar nossa verdadeira essência, pensamentos e desejos, e fugimos de confrontos que percebemos como ameaçadores, inclusive aqueles que possam impactar significativamente nossas vidas.

Até o momento em que decidimos nos empenhar em um processo profundo de autoconhecimento e abraçamos a honestidade e a autenticidade como princípios fundamentais, nossos relacionamentos continuarão a ser permeados por jogos nos quais almejamos ser vitoriosos, independentemente dos meios empregados para alcançar tal objetivo.

Um dos jogos mais predominantes, subjacente a muitos outros, é o chamado Triângulo Dramático, em que o desejo de permanecer na posição de inocente, buscando garantir nosso pertencimento, nos leva a alternar entre os papéis de vítima, salvador(a) e perseguidor(a).

Quando nos colocamos na posição de vítima nos mostramos como incapazes, rejeitando qualquer solução que nos seja oferecida e transferindo a responsabilidade para outros, uma vez que nos recusamos a assumi-la. Nesse contexto, enxergamos o mundo como estando contra nós.

Como salvadores(as), adotamos uma postura servil, buscando agradar continuamente e sendo excessivamente complacentes, mesmo diante de comportamentos que nos agridem. Tentamos preservar nossa inocência, mesmo que isso signifique aceitar ser maltratados(as).

Já como perseguidores(as), agimos com arrogância e agressividade, atribuindo injustamente culpas aos outros e, por vezes, sendo cruéis em nossas ações. Apontamos o dedo, cutucamos feridas e manipulamos situações para justificar nossa posição de razão e inocência, frequentemente alimentados por um narcisismo extremo.

Para transformar a dinâmica de nossos relacionamentos é imperativo mergulharmos na verdade, encararmos nosso verdadeiro eu no espelho da alma, sem máscaras ou subterfúgios, e aceitarmos nossas sombras. Somente quando nos comprometemos a ser verdadeiros(as) e autênticos(as) em nossas relações, podemos transcender as mentiras que contamos, inclusive para nós mesmos(as).

"O verdadeiro processo de autoconhecimento é interno. Precisamos descobrir quem somos de fato, nos olharmos no espelho da alma e encararmos a imagem real."

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